Sobre

É sempre o homem que nos interessa,

cuja condição é maravilhosamente corporal.

(Montaigne, Essais III, chap.8).

 

A classificação “Humanismo” é equívoca e já foi usada para abarcar pensadores os mais diversos. Os dicionários filosóficos têm dificuldade em precisar um sentido para a alcunha. Por isso, o Grupo de Pesquisa Humanismo se vê na obrigação metodológica de propor uma clara definição – ainda que ampla – para o termo e, ao fazê-lo, se abre para a investigação filosófica e histórica de quaisquer pensadores que se adéquem a ela.

Portanto, evitamos a historiografia de especialistas. Nossa proposta é a de fomentar a investigação filosófica criativa que usa a história apenas como auxílio que sirva à resolução de problemas filosóficos atuais e extemporâneos.

Os integrantes desse Grupo de Pesquisa entendem pela classificação “Humanismo” qualquer filosofia que:

    • Enfatiza o humano como centro de interesse investigativo, donde se explica que as questões éticas, estéticas, políticas e psicológicas ganhem maior atenção, comparativamente às lógicas, gnosiológicas ou ontológicas, embora essas não sejam descartadas por terem importância como substrato para aquelas (Cabe ressaltar, entretanto, que o GP Humanismo não trabalha com a distinção entre disciplinas filosóficas sem problematizá-la, tornando maleáveis suas fronteiras).
    • Se volta preponderantemente para um pensamento da imanência, seja por uma recusa explícita de qualquer transcendência à physis, seja por reservar às questões metafísicas – no sentido da ciência dos princípios – o lugar secundário comparativamente à ênfase dada às investigações sobre o humano.
    • Atenta para o papel e para a importância primeira dos afetos (pathos, stimulus, motus animi) na constituição do humano e da prática humana, sem, portanto, depreciar o âmbito fisiopsicológico por excelência: o corpo.
    • Entende que o estilo do texto filosófico não se restringe necessariamente nem ao dissertativo nem à sistematização do pensamento.

Por isso, o GP Humanismo considera que a abertura ao polimorfismo estilístico deve ser não apenas permitida, mas valorizada – abertura que se coaduna com a atenção primordial dada aos afetos e, pois, ao corpo. O GP considera, igualmente, que o “texto filosófico” pode ser assim nomeado independente da autorização da historiografia acadêmica vigente, cuja falta eventual não acarreta necessariamente prejuízo ao valor filosófico da obra. Que um texto seja classificado pelo catequismo universitário como “literário” ou “poético” ou o que o valha, não implica para nós a sua marginalização –  ao contrário!

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